18.09.2025
Resultados da Sondagem sobre Desafios Globais e Solidariedade Internacional
A sondagem aferiu como os cidadãos em Portugal percecionam e se posicionam face a desafios globais e à solidariedade internacional.
Alguns destaques gerais:
– A esmagadora maioria reconhece a solidariedade entre os povos como uma forma eficaz para enfrentar os grandes desafios globais e implementar soluções concretas, sendo também uma obrigação ética e moral de todos os Estados no mundo. A maioria dos cidadãos afirma que nos últimos anos se tornou mais favorável à cooperação e solidariedade, após a pandemia de Covid-19 e, muito especialmente, após o início da guerra na Ucrânia.
– A grande maioria da população afirma sentir-se bastante preocupada e afetada pelos desafios enfrentados pela humanidade, e pessimistaquanto ao futuro do mundo, considerando que o contexto global estará pior daqui a 10 anos – principalmente nas áreas do ambiente e alterações climáticas, da pobreza e fome, e dos conflitos armados e violência.
– As organizações internacionais multilaterais são apontadas como os principais agentes responsáveis por procurar e implementar respostas aos desafios globais. A participação individual na resolução dos problemas globais é valorizada, embora quase metade dos inquiridos considere que o nível de consciencialização sobre os desafios mundiais em Portugal é fraco, nulo ou inexistente.
PAZ E SEGURANÇA
– A grande maioria dos cidadãos considera que uma multiplicidade de fatores constitui ameaças importantes à paz e segurança a nível mundial, denotando grande preocupação nesta matéria: entre os fatores mais apontados estão o terrorismo, as crescentes violações de direitos humanos, e o aumento de cibercrime/ciberataques e campanhas de desinformação/fake news.
– Uma grande maioria concorda com o reforço do investimento e da alocação de recursos à defesa no contexto da União Europeia, ainda que cerca de um terço condicione a sua concordância à ausência de impactos no orçamento e recursos para as áreas sociais.
– Quanto à participação de Portugal em missões internacionais de paz, segurança e defesa, a maioria considera-a adequada, enquanto cerca de um terço entende que essa participação deveria ser aumentada.
AMBIENTE E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
– Mais de dois terços dos cidadãos acreditam que as alterações climáticas são um fenómeno real causado pela ação humana.
– A esmagadora maioria mostra-se a favor da transição verde e descarbonização das economias, tal como está expresso nas metas e objetivos acordados a nível internacional, embora mais de dois terços apoiem essa transição com algumas reservas, particularmente desde que sejam acautelados os impactos humanos e sociais.
– Entre os principais obstáculos à eficácia de uma ação global nesta matéria, destacam a inação e a falta de vontade política, bem como a recusa das economias mais poluentes em assumir os custos necessários.
GOVERNAÇÃO GLOBAL E DESENVOLVIMENTO
– A União Europeia (UE) e a Organização das Nações Unidas (ONU) são as instituições internacionais queregistam níveis mais elevados de confiança. As opiniões sobre a organização da ONU estão divididas: uma parte dos cidadãos defende a sua reformulação profunda, enquanto parte equivalente apoia o seu reforço, por todos os meios, como organização líder do sistema internacional.
– Os cidadãos consideram que a redução da pobreza e da fome no mundo deve ser uma das principais prioridades globais, de todos os países. Defendem também que deveriam existir mecanismos de responsabilização de sanções para o não cumprimento de acordos mundiais assinados. – Apesar de uma maioria significativa dos cidadãos ser da opinião que Portugal é um interveniente reconhecido no âmbito da cooperação e solidariedade internacional, mais de metade dos inquiridos considera que Portugal não trabalha o suficiente com os outros países para resolver os problemas globais. Uma maioria bastante expressiva também concorda que Portugal deve apoiar financeiramente outros países mais pobres e vulneráveis no mundo, no espírito da solidariedade internacional.
– Para cerca de dois terços dos cidadãos, entre os principais objetivos da ajuda externa portuguesa aos países mais pobres, estão: contribuir para a paz mundial, reduzir a pobreza global, e prestar assistência humanitária a populações afetadas por conflitos ou catástrofes naturais. Outros objetivos, com um carácter mais interno ou relativos a benefícios próprios, não colhem grande concordância.
Os resultados podem ser consultados aqui.
A sondagem, realizada pela Pitagórica, foi implementada no âmbito do projeto “Desafios Globais para o Desenvolvimento”, implementado em parceria pelo Clube de Lisboa, a Plataforma para o Crescimento Sustentável e a Universidade Autónoma de Lisboa, com cofinanciamento do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua I.P.